Durante uma festa para a qual se dirige de maneira desinteressada, é apresentada ao jovem advogado, Edmond (André Dussolier), por sua amiga e anfitrã do evento, Clarisse (Arielle Dombasle), que é prima do rapaz. Com requisitos que considera essenciais a um bom marido, Sabine é estimulada por Clarisse a procurá-lo, insinuando um "amor à primeira vista" entre os dois, seja lá o que isso signifique. Há uma dualidade do real que percorre todo o filme e que envolve a objetividade e a subjetividade dos personagens.
Enquanto Sabine vive uma ilusão e começa absurdamente a até imaginar como será sua vida enquanto dona do lar, Edmond, sem ter ideia do passa pela cabeça de sua pretendente, mantém um distanciamento seguro e frio de suas pretensões. Ela quer cuidar de uma casa que possa chamar de sua e defende essa condição como uma divisão de tarefas, uma complementaridade da relação, e não uma posição subordinada ou inferior em relação ao marido. Num dos diálogos do filme, ela questiona seu amigo que afirma que, nessa situação, ela será sustentada:
- É incrível! Mulher que fica em casa agora é prostituta?
- Não, mas é depreciada.
- E aquela que passa o dia ouvindo berro de criança mimada, não é? É você que está ultrapassado! Para você, a relação entre homem e mulher é de dominação. O casamento é uma associação na qual cada um faz o que sabe.
Com esse temperamento forte, idealista e decidido, ela insiste ao máximo uma aproximação duradoura com Edmond, chegando a ligar várias vezes para ele e a comemorar seu aniversário com uma festa somente com o pretexto de se aproximar do seu pretendente.
O desfecho, embora previsível, não deixa de ser sedutor e elegante. A natureza humana é repleta dessa contradição entre o real e o aparente, entre o que gostaríamos que fosse e as coisas como elas realmente são. Essa é, na minha opinião, a melhor maneira de interpretar Um Casamento Perfeito.
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